domingo, 17 de maio de 2009

.para sâmya,.

.essa noite eu vi uma das imagens mais belas de toda minha vida.
tão bela que, no momento em que a vi, fiz questão de dividir igualmente cada segundo de contemplação entre a admiração e a tentativa de guardar bem fundo em memória cada detalhe da cena.
te vi olhar o céu estrelado de outro estado que não o nosso.

com a cabeça entre o ônibus e o vão de uma rodovia escura, a cada passagem de luzes no sentido contrário ao nosso, e , somente nesses vários microinstantes de quase magia quase interrompida, eu via tua pele branca brilhar.
tua pele contraída de leve pela posição engraçada do pescoço e pelos sorrisos e olhares de vislumbre todos direcionados ao estrelado céu que, por pura sorte, eu te apontei.
pele linda.

antes de qualquer outro detalhe, o mais importante de todos: pele linda.

perceber com tanta facilidade que estava diante de uma das imagens mais bonitas da minha vida me fez pensar sobre crescer; sobre me tornar cada vez mais eu; sobre saber quem sou, do que gosto, o que me admira com tanta facilidade.

ad
quiri algo muito meu a partir de ti.

pensei também em como o amar, pelo menos o que eu experimento, não percorre caminhos certos.
e, se por acaso uma dia pretendesse percorrer, não conseguiria percorrer o caminho da perfeição.

meu amor se faz sem território.
meu amor se faz no tédio e na contemplação silenciosa.
se faz enfrentando a monotonia, ou mesmo escutando-a. [não entendo essa parte do meu manuscrito]
se faz sem perceber.

não importa qual o tamanho da concentração, meu amor se faz sem se perceber;
sem grande alarde
no momento, se faz com você.
se faz enquanto é pra ser feito.
se faz imperfeito
se faz maior e menor
se faz imprevisto
se faz sincero.

se faz, acima de tudo, me dando um novo sentido.


janeiro de 2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário