terça-feira, 29 de dezembro de 2009

.o inferno dos outros.

.muitas vezes, nosso próprio inferno não basta
precisamos do inferno dos outros para vivermos
digo isso no bom e no mal sentido
tanto de amparo quanto de escarro
se é que existe tal diferença.

.o meu esforço.

.muitas vezes, todo o meu esforço se resume em não me repetir
ou, pelo menos, não me perceber repetir
prefiro improvisações a ensaios.

.me ver falando novamente estilhaços que cortaram outros e a mim em situações passadas
muitas vezes, me dói
me dá a impressão do menor esforço, da menor potência, da menor importância para com a vida.

.muitas vezes acho que o grande esforço da vida,
pra mim,
é consguir sempre inventar um novo mesmo jeito de dizer
que amo algo.

.já disse e repito
as palavras são insuficientes
e necessárias.

.algumas vidas em 2 anos.

.consigo ver nos anos de 2008 e 2009
vidas inteiras vividas a todo o vapor e sem muito pudor
por mim's

por eus.

.fragmentos e estilhaços.

.somos todos apenas os fragmentos e estilhaços do outros
que nos tocam, nos ouvem e nos respondem,
grudados em nossa pele, formando nossos corpos,
fazendo dele a arte dos encontros.

.não nos vejo como mais nada
além de fragmentos e estilhaços dos outros.

sábado, 19 de dezembro de 2009

.eu nunca.

.eu nunca te disse nada
nem te garanti que seria engraçado
ou mesmo divertido
nunca te disse ou afirmei que era bem humorado o tempo todo
não acho que ninguém o seja,
mas eu não o sou.

.não queria te garantir nada
porque, afinal de contas,
eu mesmo não garanto nada pra mim
tá difícil de confiar em mim
há sinceras dúvidas se vale a pena confiar.

.é tudo uma questão de entender que
confiar em algo
é, as vezes, se prender a algo.

.há um vício pelo incerto e pela mudança
que nem sempre permite que se evite às dores,
mesmo as mais óbvias, da incostância.

.da foto.

.não era o momento certo,
era apenas mais um momento
menos cálculo do que sorte
menos ansiedade do que acaso
menos preparo do que consequência
menos ambição do que tédio.

.naquele momento se deparou com o mundo
como nunca o tinha visto em um lugar nunca antes visitado
não podia acreditar que aquela sensação desapareceria
não podia se contentar que só ele visse tudo aquilo
daquela forma tão completa e única que o mundo era e é.

.de repente, sacou outros olhos do bolso
olhos para saudades posteriores
olhos para garantir lembranças nítidas e
diferentes das que podemos guardar em mente
não desperdiçou o momento observando-o
e registrando-o passivamente
viveu totalmente o momento
ativamente observando
ativamente registrando.

.tinha uma nova foto.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

.eu falo.se ouves, identifique-se.

.eu falo das mesmas coisas que álvaros, ricardos, fernandos e albertos disseram antes de mim
não tem como evitar
antes mesmo de saber que eles falaram disso tudo
eu já estava falando também.

.falo da vida
do amor
das palavras
da exitências
de bicicletas
de flores e borboletas
de máquinas e vidas
de loucuras e sensatezes
de repetições inovações
assim como muitos outro antes de mim já o fizeram e ainda fazem sem saber que eu existo.

.entretanto, falo do jeito que me agrada
e, se te agrada também,
por favor,
indetifique-se.

.e assim, pra mim, se faz alguma arte
e, consequentemente, se faz alguma vida
e, não necessariamente consequentemente
se descobre o mundo e se milita.

.sou.

.sou tão nocivo quanto as minhas
mudanças subtas de humor
e meu medo de ficar sozinho.

.sou tão nocivo quanto a minha
incessância de pensamentos e comparações
e a vontade de que você entendesse, pelo menos, parte de tudo isso
que nem eu sei explicar.

.sonhos que sonharam por mim.

.e, derrepente, me vejo desaprendido a andar
não no bom sentido
no sentido de esquecer que eu tenho pernas
uma maior que a outra por sinal (a direita é meio fudida mas eu gosto dela)

por mais de 8 meses
minhas pernas seguiram o mesmo caminho todos os dias
aguém deu a dica
alguém apontou alguma coisa ali

acho que desconectou cérebro e pé
fácil

ai pé se automatizou e autonomizou-se
sentindo-se livre pra vender o seu destino pra alguém
foi rebeldia das pernas
e férias para o cérebro

agora não sei mais por onde andar
ninguém me aponto mais lugar nenhum.

.é estranho
muitas vezes eu vejo e ouço as pessoas falando de como o trabalho aliena o homem
de como o massifica e de como o entorpece e o castra
mas, pensanado nesse desaprendimento de andar
é bem confortável estar dopado.

.talvez nós, trabalhadores financeiramente, intelectualmente, moralmente, corporalmente, mentalmente, ludicamente, ópticamente, literariamente, momentaneamente, infelize e felizmente explorados!, bem gostamos de férias ao cérebro.