quarta-feira, 27 de maio de 2009

.o inferno e o absurdo.

.do tempo fez-se finitude
da finitude se desfez qualquer sentido
da falta de qualqer sentido, fez-se a possibilidade de criar todos os meus sentidos
disso tudo fez-se o absurdo

do absurdo faz-se a vida
da vida fez-se inferno
do inferno fiz-me rei.

como rei reconheci minha vontade
de minha vontade fez-se nascer poder e constraste,lágrimas e sorriso
sem formatos e quantidades
desproporcionais e imprevistos

das lágrimas e sorrisos
não me fiz questão de trocar vida
pelo certo ou tedioso
acolhi o mundo de olhos e pele aberta ao limite

bebi a vida de canudinho dando novo sentido a cada gole.

e de todo absurdo;
vida;
inferno;
contraste;
e conflito,
enfim:

fiz-me eu.

terça-feira, 26 de maio de 2009

.entrou por um ouvido e saiu pela culatra.

.eu tenho a sensação de que
tudo que eu disse até agora
e olha que eu reconheço minha tagarelice
entrou por um dos teus ouvidos e saiu pela culatra

não que a palavra seja arma
mas eu queria perceber afeto
eu queria de verdade ver um pouco
seja de sangue
seja de porra
sejam de lágrimas
seja de lubrificação
sejam de risos
seja de (insira aqui a secreção que mais te vale!)

na constante intenção de te atingir
eu apanho muito diante dessa sua barreira
eu apanho tanto pra esse silêncio
apanho tanto que, inclusive, fico tonto

chego a pensar que você se faz de pedra ou de silêncio
ou dos dois.
chego a achar que as pessoas são imunes

eu sou o último humano da face da terra
eu sou o último vulnerável
o último dos babacas e dos esforçados
o último daqueles que
um dia
acreditaram na utilidade das palavras.

domingo, 24 de maio de 2009

.por um instante tudo foi realidade.


.desde a órbita dos planetas
até a estrutura atômica

de papai noel
até aquele seu verdadeiro amor que duraria pra sempre

todas as palvras
todas as mentiras

todos os pensamentos
e todas as incertezas

cada passo dado
cada passo recuado

não é que nada disso não tenha sido
mas já foi

e, o mais difícil
é definir se algo em algum momento é

tudo já foi

na dúvida de tudo que eu tinha
na dúvida de em que acreditar

resolvi acreditar naquilo em que acreditava
e pronto, me basta

acreditei em tudo
em tudo que durasse enquanto eu acreditava

tudo aquilo que não dura mais de um instante
e, logo um instante depois, já se foi

a beleza do instante, do tudo e da realidade
é a utilização corriqueira de termos tão mentirosamente abrangentes

são as maiores mentiras da abrangência, vamos concordar
é tudo tão imensurável

quanto dura um instante?
quanto cabe em tudo?
quanto disso tudo é real?

eu só piso firme por causa do meu braço
e do que tá escrito nele.

.o melancólico(?).

.por um instante tudo foi realidade.

só que;

.por um isntante tudo é realidade.

e, também

.por um instante tudo será realidade.

maldição...
bem como uma vez um amigo me disse:
- como alguém consegue afirmar algo tão pessimista quanto que o tempo destrói tudo.? droga, o tempo constrói tudo, também.

e eu me marquei justamente com o que já foi
eu me marquei com o passado

hoje eu me senti um melacólico tapado
como eu não tinha visto isso até hoje.

no fim das contas,
não importa a conjugação do verbo
o que importa é o peso das três palavras

.instante.

.tudo.

.realidade.

além disso, cara, só o silêncio mesmo.

sábado, 23 de maio de 2009

.senti
a
tua
falta
hoje.
.senti tanto que até senti seu cheiro.

."sentir a falta" é uma das expressões mais lindas que eu conheço.
.pequeno mérito às palavras.

.me falta...

.proteina
certezas
respostas prontas
tédio
lágrimas
saudade
coerência
objetivos
tempo
paciência

sensibilidade
e proteina.
ultimamente to quase desmaiando.


não que tudo isso me faça sentir falta sempre

só tá faltando no estoque ultimamente.

.por agora (2).

.só me beija agora
e foda-se.
lá vem o demônio
lá vem a segunda feira
lá vem nietzsche e suas idéias
eu não vou suportar tudo de novo sem isso

a eternidade seria insuportável sem o teu beijo.

domingo, 17 de maio de 2009

.definirtrilhos.


.todos seguimos nossas vidas por trilhos únicos e distintos
deixamos que alguns trilhos cruzem com os nossos
são trilhos que mudam de forma a cada instante
e, a cada instante, igualmente, mudam quem os percorre
as palavras tentam nos explicar
tentam explicar as mudanças
e, quando impossibilitadas, resta angústia

da fuga da angústia se faz vida

se faz ciência
se faz explicação
se faz perceber que estamos sempre

na constante e infinita tentativa
de definir o ser.

.teoria sobre o domingo.

.venho por meio desse escrito improvisado, tentar manifestar minha curiosidade sobre as noites de domingo.

malditas sejam as noites de domingo. a depressão que eu sinto nas noites de domigo é uma das características que me faz sentir mais humano. me faz sentir que eu tenho algo em comum com, no mínimo, umas 6 bilhões de pessoas.

sabe aquela sensação de dúvida se você prefere durmir ou se matar?
então, viva a noite de domingo.

eu vejo a noite de domingo como a chegada do demônio de nietzschie de toda semana.
é como se a cada maldita noite de domingo, você refletisse sobre todo o caminho que você tá tomando, só que sem perceber.!

é como se a cada semana, lá entre as 19 e as 24 horas, âlguém perguntasse constantemente em seus ouvidos:

e agora que acabou? e agora que você volta à vida? você aguenta? faz sentido? é opção ou obrigação? é o que você quer?

e ai volta tudo.

e fica palha falar do domingo sem citar a segunda.

a segunda começa e termina com um pensamento único:
a ânsia pelo próximo domingo.

segunda é o começo
é o mal humor
é a maior chance de ataque cardíaco
é uma das pontas da cobra que morde o próprio rabo.

ser humano é estar em contato com o absurdo.
ser humano ágil é aquele que ri de sua desgraça e dela faz sua graça.

.sobre o meu gostar e como você cabe certinho nele.

.uma vez alguém me perguntou se eu gostava mesmo dessa pessoa, ou se eu gostava de gostar dela.
sinceramente acho que ninguém seja assim tão especial
ninguém possui qualidades, atributos, bundinha, ou mesmo corpinho sarado
pra que eu goste dela.

eu tenho o meu gostar
as pessoas cabem nele.

se você não fosse tão você,
ficaria apertado ou sobraria muito espaço.

no teu caso,

você cabe certinho no meu gostar.

.sobre como, às vezes, a gente rima.

.nem sempre a gente rima em harmonia
às vezes até parece que a gente combina
a hora certa de fazer birra e não dar o braço a torcer.

.um telefonema.

.- me promete que não vai me deixar.

- não.

- me promete.

- não! não posso falar do amanhã com tanta certeza assim.

- quem falou em amanhã? eu falo o que eu quero ouvir agora. eu falo o que quero ouvir pois, nesse momento, mais que tudo, me dói não saber a resposta.

- mas é que você me pergunta para longa data... eu não sei por quanto tempo as palavras vão me caber...

- não me importa.

- não te importa?

- não, apenas diga que não vai me deixar.

- mas se te digo hoje, e amanhã, ou depois, não valer mais?

- diabos! só me dá a porra de uma certeza agora! é tudo que eu te peço, porra!

- não sei ser tão previsível...

- você não sabe amar!

- e você não sabe viver sem se iludir.

- de quantas ilusões você acha que pode escapar? querendo ou não, a gente sempre ama alguma merda de uma ilusão. a gente simplesmente precisa disso.

- preciso desligar...

- precisa me reconfortar, me dar algum apoio, uma base, um chão firme. me preencher enquanto há tempo e vontade!

- preciso ir.

- (covarde).

- clock... tutututututututututu.

.para sâmya,.

.essa noite eu vi uma das imagens mais belas de toda minha vida.
tão bela que, no momento em que a vi, fiz questão de dividir igualmente cada segundo de contemplação entre a admiração e a tentativa de guardar bem fundo em memória cada detalhe da cena.
te vi olhar o céu estrelado de outro estado que não o nosso.

com a cabeça entre o ônibus e o vão de uma rodovia escura, a cada passagem de luzes no sentido contrário ao nosso, e , somente nesses vários microinstantes de quase magia quase interrompida, eu via tua pele branca brilhar.
tua pele contraída de leve pela posição engraçada do pescoço e pelos sorrisos e olhares de vislumbre todos direcionados ao estrelado céu que, por pura sorte, eu te apontei.
pele linda.

antes de qualquer outro detalhe, o mais importante de todos: pele linda.

perceber com tanta facilidade que estava diante de uma das imagens mais bonitas da minha vida me fez pensar sobre crescer; sobre me tornar cada vez mais eu; sobre saber quem sou, do que gosto, o que me admira com tanta facilidade.

ad
quiri algo muito meu a partir de ti.

pensei também em como o amar, pelo menos o que eu experimento, não percorre caminhos certos.
e, se por acaso uma dia pretendesse percorrer, não conseguiria percorrer o caminho da perfeição.

meu amor se faz sem território.
meu amor se faz no tédio e na contemplação silenciosa.
se faz enfrentando a monotonia, ou mesmo escutando-a. [não entendo essa parte do meu manuscrito]
se faz sem perceber.

não importa qual o tamanho da concentração, meu amor se faz sem se perceber;
sem grande alarde
no momento, se faz com você.
se faz enquanto é pra ser feito.
se faz imperfeito
se faz maior e menor
se faz imprevisto
se faz sincero.

se faz, acima de tudo, me dando um novo sentido.


janeiro de 2009.

sábado, 9 de maio de 2009

.desnecessidade.

.não se importar com o controle
estando perto de outra pessoa é,
para mim,
uma das inúmeras definições
desnecessessárias
para o amar

sou tão desnecessário e

tão apaixonados por essa disnecessidade
que até escrevo poesias

as palavras são necessárias
e burras

odeio depender de gente incompetente.

.lições que aprendi ao andar de bicicleta sem botar a mão no guidon.

.lição nº2.


.quando você começa a andar de bicicleta sem botar a mão no gudion

qualquer pessoa que passe a meio metro de distância te parece mais:

- próxima
- vulnerável
- perigosa
- amendrotadora

rapidamente aumenta o medo da colisão, do contato, da troca e da capota.
o medo da pessoa perceber como você não está usando as mãos para guiar

por compaixão, medo e covardia
quando alguém se aproximava de mim
eu rapidamente segura firme no guidon

uma das coisas mais difíceis em se andar de bicicleta sem botar a mão no guidon
é acreditar que, mesmo sem pleno controle, você não vai machucar ninguém

nem a pessoa
nem você.


.medo.

.eu tenho.
.e você?.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

.diálogos.

.devia parar de imaginar diálogos
remoer passados
rever passos errados
ler o presente com os olhos virados
sentir de novo corpos já vibrados
viver constantemente relacionamentos já acabados
me esquecer em curvas
me repetir
devia
devia
devia
devia
devia
desvia a intenção.

.- você se incomodaria de conversar comigo?.

.- sim.
.- por que?.
.- você só quer tentar me seduzir de novo. vai fazer cara de santo e de piedoso. vai parecer compreensível, sincero e, até certo nível, arrependido.
.- ...
.- todo o teu pensamento de harmonia, de busca, de paz, de compreensão de si e dos outros, nada mais são do que vontade de seduzir. você não é nada mais que um covarde ao ver isso como virtude. você é um fraco.
.- parece que eu tava esperando alguém perceber isso. escrevendo isso agora, parece até que eu percebi.

"devia parar de imaginar diálogos."

terça-feira, 5 de maio de 2009

.plano pleno em pano nulo.

.eu criei um pleno plano
dentro da nulidade de um pano

tive vontade que
nem que por só um instante(/momento/fração/corrosão/digestão/temporalidade/infinitude)
eu fosse
pra você
felicidade plena.

.alfinete vermelho.

tenho um mapa do brasil no meu quarto
espetado com alfinetes brancos
um para cada estado em que já estive

destaca-se entre os alfinetes brancos
um único alfinete vermelho
espetado em vitória

minha vontade é branca
o ponto vermelho não significa casa
significa ponto de espera

não tenho tanto aqui pra chamar
qualquer coisa de casa
é apenas o local de resguardo

o local de descanso e de descaso
o local de paixões passageiras
dentro da rotina e da estagnação

o local intermediário
o local triste
o local familiar

“se não fosse o mar, o mesmo que eu não me banho faz tempo, talvez eu não estivesse aqui. provavelmente ainda estaria aqui, mas não estaria por completo. o mar me convenceu de que aqui é um bom lugar. e o mar apenas. seria menos sem a presença do mar."