terça-feira, 27 de setembro de 2011

.entre eu e o mundo todo.

.e quando o mundo todo fala
eu silencio
eu quando o mundo todo cala
eu grito
e quando o mundo todo corre
eu olho
não por que o eu queira ser do contra
nem tenta eu achar um lugar só pra mim
mas, pelo contrário
eu morro de medo de achar por demais
um lugar para eu
quando o mundo se intorpece com pele e contato,
que não é a mesma coisa de fazer contato,
eu me drogo com respiração
quando o mundo enche a cara de cachaça,
que não é a mesma coisa de perder contato,
eu me embebedo com o sabor de um copo d'água.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

.da direção do ódio.

.- posso te perguntar uma coisa?
- hm.
- você odeia alguém ou alguma coisa?
- ... que que você quer dizer?
- existe algo ou alguém que você, definitivamente, não suporta e queria que não existisse?
- não sei...
- eu não consigo imaginar muita coisa também...
- ...
- talvez neu último patrão. eu realmente não suportava ele.
- (risadas)
- de certa forma, é estranho não ter firmeza pra sentir ódio.
- é mesmo.

-

- sabe, sobre o que você perguntou aquela hora...
- que?
- sobre o ódio...
- que que tem?
- tem horas que eu odeio alguém...
- quem?
- eu mesma.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

.devir-criança.

.em uma terra mais fria que o normal
onde as pessoas se levam mais a sério do o necessário
e a maturidade de tudo me assusta muito
eu não consigo parar de pensar
que a amadurecer, como dizem por ai,
nada mais é do que saber fingir não querer ser mais criança.

.e não me venha dizer que esse é um discurso imaturo e irresponsável de quem não quer crescer
isso só pode ser dito por alguém que se esqueceu de como as crianças são muito mais responsáveis que todos nós.

.tudo é importante demais para a criança,
todas as brincadeiras são levadas a sério,
as dúvidas são inquietações,
até mesmo quando finge chorar, isso é muito importante,
tudo importa.
e isso, isso sim, é uma grande responsabilidade.

.o resto é fingir não querer
e saber fingir bem.

sábado, 8 de janeiro de 2011

.café da manhã.

.quero um pouco de ressaca
um tanto de preguiça pra fazer um novo café
e a disposição de beber o frio de ontem

quero um pouco de solidão
gosto de alcool com um pouco de arrependimento na boca

quero um sorriso torto das histórias bobas de ontem
um pão com manteiga
e algumas poucas mentiras pra contar sobre a noite anterior

quero um copo d'água gelada antes do café
pra molhar a garganta seca
e um ferro de passar roupa
pra alisar a cara amassada

uma música de voz rouca
e um alongamento de cachorro

um bom beijo com bafo
de cara e corpo amassados
se convir à companhia,
se houver companhia.

uma escarrada no banheiro e uma ducha fria pra acordar de vez
e, talvez, escovar os dentes pra tirar o gosto de ontem.

.é hora do trabalho.