.quando só restar o gelo da sensação da falta e as palavras, dispa as palavras, desmonte-as, analise-as como quem as despe. veja, perceba, seja suas curvas. as lindas curvas e nuanças das palavras. elas dizem tudo. a gente só faz expressar o quão agradável foi o encontro ao vê-las. .todas nuas.
.leve tudo d'aqui leve leve como o vento que, tem vez, a gente, meio sonolento, nem vê passar.
.leva rápido tudo d'aqui leva leve e com a consciência lavada leva extremamente leve que é pra não pesar, pra não amassar memórias, nem essas salas já viradas.
.leva certo pra longe d'aqui leve bem leve pra qualquer lugar que seja incerto pr'a gente não saber onde tá pr'a não teimar de procurar mais, aquilo que a gente já achou demais d'conta, nem de longe nem de perto.
.lavar leve esfregar de leve pra sarar lavar forte e leve pra sair de vez leva leve e lava esses nossos amores que pesam tanto e a gente sabe que a gente já não consegue mais mantê-los nessas nossas salas-e-jeitos-de-estar.
.uma vez li que existe um país onde tudo é feito de porcelana. nesse país, as pessoas podem se quebrar e se reconstruir de uma forma diferente a cada instante. porém, todos, com excessão do curinga, vivem com cuidado. têem medo de se quebrarem; se reconstruírem; e não se identificarem/reconhecerem. eu gosto mesmo é do curinga de porcelana.