sábado, 27 de novembro de 2010

.da memória no corpo.

.não adianta procurar no tálamo
no córtex
nos olhos ou em qualquer sentido.
não adianta vasculhar o cérebro inteiro.

.a memória não passa da pele.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

.daqueles dias.

.esse é um daqueles dias
em que até o gira-sol
sente-se desorientado.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

.avião-fobia.

.quem é compulsivo
e tem medo pra caralho de voar
(como eu)
sabe que
as núvens são os quebra-molas do céu
quando os comissários de bordo passam com o lanche
a viagem tá quase na metade
a sensação de vertigem é constante por mais que você olhe pra asa do avião
o inglês da tripulação só vai te deixar mais nervoso e inseguro
a turbina faz barulhos bizarros em pleno funcionamento
o aeroporto de vitória dá medo.

.que venha o demônio de nietzsche.

.me entrego ao eterno se você estiver aqui
diga a nietzsche e a seu demônio
que essa noite eles podem vir
essa noite está calada e solitária o suficiente para eles chegarem
a eternidade não doeria nada com você do meu lado

então, me beija e me abraça agora
que lá vem o começo do fim de novo
dessa noite não passa outra vez
essa noite tudo acaba novamente.


.o máximo do meu romantismo.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

.a poética da terapêutica.

.ai eu perguntei:
- tem vezes que eu me pego perguntado, pra que sentir, afinal?
eu sei que deve ser uma coisa bacana, deve ter lá suas vantagens, mas eu não sinto faz tempo.
sabe? eu não sinto saudades e não sinto tristezas. não sinto euforias nem grandes alegrias, não consigo sentir raiva e o medo mal me atinge. eu sinto ansiedade, mas isso nem é sentimento direito. e ai, eu penso, se eu to bem assim, se eu ainda to vivo sem sentir nada, porque é que eu vou, nessa altura do campeonato, me esforçar pra sentir e correr o risco de doer? sinceramente, tem hora que eu acho que é vantagem não sentir. eu não consigo sentir falta daquilo que não experimentei. pra que qu'é que eu vou cavar esse buraco logo agora?
ai, ela olhou pra mim e disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo:

-sentir serve pra você liberar esse seu peito firme e ter fôlego.

ai eu perdi o fôlego.

.as coisas óbvias d'a gente, quando ditas por outra pessoa, são ainda mais óbvias.