segunda-feira, 1 de novembro de 2010

.a poética da terapêutica.

.ai eu perguntei:
- tem vezes que eu me pego perguntado, pra que sentir, afinal?
eu sei que deve ser uma coisa bacana, deve ter lá suas vantagens, mas eu não sinto faz tempo.
sabe? eu não sinto saudades e não sinto tristezas. não sinto euforias nem grandes alegrias, não consigo sentir raiva e o medo mal me atinge. eu sinto ansiedade, mas isso nem é sentimento direito. e ai, eu penso, se eu to bem assim, se eu ainda to vivo sem sentir nada, porque é que eu vou, nessa altura do campeonato, me esforçar pra sentir e correr o risco de doer? sinceramente, tem hora que eu acho que é vantagem não sentir. eu não consigo sentir falta daquilo que não experimentei. pra que qu'é que eu vou cavar esse buraco logo agora?
ai, ela olhou pra mim e disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo:

-sentir serve pra você liberar esse seu peito firme e ter fôlego.

ai eu perdi o fôlego.

.as coisas óbvias d'a gente, quando ditas por outra pessoa, são ainda mais óbvias.

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