sábado, 17 de julho de 2010

.da leveza e do peso.

.não pediram mais nada
o silêncio, levemente,
pedia tudo o que era necessário
pr'aquele momento

os corpos, repletos de desejos densos,
encontravam-se como quem sabe
onde, como e porquê,
sem nem querer saber de quando

era uma intimidade tão leve,
tão natural e pura, como se ela já existisse
antes mesmo daqueles corpos existirem,
que não deu tempo pra pensar, sequer,
em uma forma de temer aquele momento,
nem seus motivos passados,
muito menos suas conseqüências futuras

não deu tempo pra pensar em ter medo
não deu tempo pra pensar em ter regra
não deu tempo pra pensar em palavrear o tempo
não deu tempo de, sequer, pensar em passados

.o agora era tão fugaz, necessário e aproveitável,
que não esburrava tempo pra se perder.

era uma intimidade tão leve, quase ingênua,
que só conseguiram mesmo pesar
em memória de bem querer de agora
e em folha de papel rabiscado depois.

3 comentários:

  1. Este amor bom é (a tal sorte de) o amor que Cazuza sonhava para sí.

    ( e o título me lembrou um trecho de uma música do Otto >> "há sempre um lado que pesa e outro lado que flutua" , deve ser assim...)

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  2. É muito bom da uma relida nesses textos XD

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