domingo, 11 de julho de 2010

.aos que zombam de nossa vítória.

.apesar daqueles que zombam de nossa vitória
[tanto da nossa cidade quanto de nossas afirmações]
somos completos de todos os nossos defeitos
somos completos de todos esses completos defeitos.

.somos curados de todas as formas,
tipos e tamanhos de cura
assumimos, faz um tempo,
todas as deformações descartadas das linhas de produção.

.nossa vitória nem sempre envolve ganho
há sempre vida em nossa vitória
mas nem sempre ganho.

.uma cidade que grita em silêncio
e faz chacota berrante de tudo
sem dizer uma palavra sequer
são vivos completamente mortos
quem estaria vivo gritando em silêncio?
quem buscaria a perfeição em butiques
da parte chique da cidade
pra calar a voz e gritar a imagem
sem estar completamente morto?.

.vemos vivos completamente mortos
já nós, não
nos recusamos a essa condição.

.nó temos orgulho de nossas chagas
mais até do que realmente somos nossas chagas.

.nos afirmamos vivos,
mais vivos que muitos mortos.

.se não tivéssemos esquecido o que é a pena
sentiríamos por esses defuntos mudos.

.ao invés disso
passamos o tempo
gritando e orgulhosos com nossas dores
pra quem quiser gritar conosco.
porque, faz tempo,
só ouvir, ou fingir que nos ouve,
não é o suficiente pra gente.

Um comentário:

  1. "porque, faz tempo,
    só ouvir, ou fingir que nos ouve,
    não é o suficiente pra gente."

    - Me identifiquei bastante com estes três últimos versos.

    (Como fico feliz ao lê-lo assim, em palavras minúsculas com entonação(ões) maiúsculas!)
    T.

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