quarta-feira, 25 de novembro de 2009

.tratado/contrato afetivo familiar.

.eu não te peço mais abraços
e você não me pergunta mais
que dia eu volto.

.abraços não se pedem
mesmo quando requisitados e correspondidos.

.eu não sei quando volto
não faço idéia de quando vou estar aqui de novo.

.existe algo de duro nisso:
entre a vontade de voltar
e a vontade de não voltar
tudo o que se manifesta
é a indiferença de quem não sabe,
como alguém que não se importa mais.

.talvez valha a pena
não perguntar quando volto
assim como, sem querer,
eu nunca achei que valesse a pena perguntar
quando você iria me visitar.

.quando a gente menos esperar,
eu já vou estar em um ônibus
em direção ao centro
e, como sem perceber,
estaremos ai, nós dois, ai.

.nos cumprimentaremos como se tivéssemos nos visto ontem
e eu sinto que nem faz tanto tempo que a gente não se fala.
na verdade,
nem sei mais quanto tempo faz.

.fazemos ambos a mesma pergunta cretina
como se esperássemos que com essa pergunta
pudéssemos recapitular as semanas de distância:
afinal, como você está?.

.- eu estou diferente.
vejo que você também, nem precisa dizer
parece mais cansada do que nunca
parece mais madura, não minto
parece mais velha
parece feliz com a casa que tem.
mas parece mais cansada do que nunca.

.conversamos um pouco,
assistimos a um filme
e continuamos a fingir,
talvez para o nosso próprio bem,
que filho e mãe não se abandonaram.

.somos humanos demais para percebermos que somos ambos humanos
somos humanos demais para nos abraçarmos ou retornarmos a nos ver
sem um contrato, pedido formal, ou cláusula jurídica válida para menores de idade.

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