domingo, 28 de março de 2010

.da viagem.

.entre um instante e outro,
no eterno intervalo instantâneo
entre dois momentos,
movimentou-se.

.não que, alguma vez sequer, estivesse parado
afinal, não acreditava muito nesse estado
nem de espírito, nem de corpo, nem mesmo de paixão.

.mas, moveu-se em direção
àquilo que era apenas um misto/híbrido
de desejo e imaginação.

.acreditava, agora sim,
que todo desejo carrega uma dose de imaginação
e que tudo que é imaginado é, de alguma forma,
desejado.

.e que, sempre que a gente se move
em torno ou em direção
a um desejo imaginado,
imaginando um certa satisfação,
que nem mesmo precisa de definição ou forma
precisa só de existência,
a gente se move com mais gosto ,
com menos desgosto
e com mais certeza,
mesmo que seja um movimento em direção ao incerto.

.e, desse desejo certo
de preencher a imaginação com fatos concretos
e passos caminhados
e sonhos feitos de incertezas e oportunidades múltiplas
de encontrar beleza em feiúras e belezas,
caminhou numa viagem.

.cada passo era descoberta
redescoberta
era conhecimento e reconhecimento
era como reinventar o mundo a cada passo
e a cada olhar.

.o novo lugar era espetacularmente novo
e não houve tempo suficiente,
pois a cognição é fugaz e mestra
em nos encher de sensações que nos prendem a atenção
e impede que classifiquemos coisas bobas e inúteis
na hora em que espetáculos acontecem,
para julgar se aquele lugar era, definitivamente,
belo ou feio
certo ou errado
melhor ou pior
firme ou fraco....

.o lugar, só conseguia concluir isso,
era, definitivamente,
novo.

.e, não tão diferente assim dos lugares que já conhecia,
mas com maior intensidade,
percebia que cada olhar mudava aquele lugar.

.em resposta, e até antes de qualquer resposta,
pois aqui não cabe medir-se o tempo,
o lugar mudava aqueles olhos também.

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