quinta-feira, 10 de setembro de 2009

.sobre meu peito.

.agora eu falo dele
ele não em dá o mínimo sossego ultimamente
literalmente!
tem um buraco enorme nele
é literal porque eu vejo a cada dia crescer
é literal porque se não fosse literal
eu não sofreria tanto
é literal pelo fato d'eu saber que o é
há um buraco no meu peito
que grita necessidade de tudo
e tira a finalidade de tudo
me impedindo de tudo
me restando o relento ao nada
me convencendo da inutilidade da vida
me lembrando, só lembrando, como a vida foi idiota
sempre disfarçada de interessante, é claro.

meu peito e seu buraco
brincam de intercalar angústia e ansiedade
angústia como admiração do vazio
ansiedade como a espera de que no futuro o vazio cessará
o coração acelera dentro do buraco e a brincadeira fica séria

eu sinto e pressinto uma explosão cósmica
ninguém mais vê
ninguém mais sente
só eu e meu buraco no meio do peito.

depois a chuva vem
alivia
o acontecimento alivia
saber que as coisas mudam, que a chuva vem quando menos se espera
saber, ver e sentir que há beleza sem planejamento e sem a necessidade de ansiedade parece aliviar a dor e o vazio

ai só sobra registro
essa palavra
essa aqui
vai perder o sentido daqui a pouco

só ganha de novo na próxima crise de ansiedade.

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