quinta-feira, 16 de julho de 2009

.carruagem de papelão.

.freada brusca e buzinaço
- sai dai, porra
não há paciência, não há tolerância, não há beleza
e nem era de se ter
a chuva castiga
ela é exceção por aqui, todos sabemos disso
os carros freiam com maior dificuldade
o trânsito, por si só, já é mais lento
não é obrigação de nenhum cidadão de bem
aguentar a lentidão de uma carruagem de papelão
elas que sujam o trânsito com lentidão e feiúra
com empilhamento e retrocesso
ali, num pequeno espaço cúbico
há tudo aquilo que já jogamos fora sem nso importarmos tanto
documentos
embalagens
informações
e homens
freada brusca e buzinaço
- sai da rua, caralho
na frente da carruagem
por conta dum misto de desespero e pressa
ele corre
no lugar que um dia o burro ocupou
ele corre
no lugar que um dia um escravo ocupou
ele corre
é puxador de carruagem
ensopado
talvez aflito
talvez feliz
ali, no peito do homem, nada impede que haja ironia ou discenso
mas chovia forte
os carros eram novos e potentes demais pra esperar
a carruagem de papelão resitia à agua
e ao mesmo tempo se desintegrava.

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